Teste de alta sensibilidade da troponina leva a excesso de diagnósticos de infarto?

Batya Swift Yasgur

11 de abril de 2019

Usar o teste de alta sensibilidade da troponina cardíaca 1 (hs-cTnI) para diagnosticar infarto agudo do miocárdio (IAM) pode levar ao sobrediagnóstico, resultando em tratamentos inadequados, concluem pesquisadores a partir de um novo estudo.

Uma equipe de pesquisadores britânicos estudou 20.000 pacientes consecutivos hospitalizados ou não, que fizeram exames de sangue por qualquer motivo clínico no University Hospital Southampton e descobriu que 1 em 20 tinha nível de troponina maior que o limite superior do normal (LSN) recomendado pelo fabricante.

A maioria dos pacientes, entretanto, não estava sendo atendida por causa de quadros cardíacos, e não apresentava sinais ou sintomas clínicos de IAM.

“O estudo mostrou que 39% de todos os pacientes nas unidades de terapia intensiva (UTI), 14% de todos os pacientes hospitalizados e 6% de todos os pacientes do pronto-socorro tinham concentração de troponina acima do nível que indica IAM”, disse ao Medscape o primeiro pesquisador, Dr. Nick Curzen, Ph.D., professor de cardiologia intervencionista e cardiologista do University Hospital Southampton, no Reino Unido.

“O exame é excelente para descartar IAM em pacientes atendidos no pronto-socorro; no entanto, esses dados sugerem que não é uma boa forma de diagnosticar o IAM em pacientes internados no hospital, a menos que tenham uma apresentação clássica de IAM”, disse ele.

O estudo foi publicado on-line em 13 de março no periódico British Medical Journal.

Sobrediagnóstico e tratamentos inadequados

“O uso de ensaios de troponina cada vez mais sensíveis para excluir ou diagnosticar o infarto agudo do miocárdio tornou-se universal” e o “biomarcador padrão ouro”, escreveram os autores.

Concentrações elevadas de troponina cardíaca, especialmente em pacientes que não apresentam história típica de dor cardíaca, podem ser causadas por lesão miocárdica ou IAM tipo 2, mas “não são bem reconhecidas quando a dosagem de troponina é solicitada ou o resultado é interpretado”.

Além disso, continuaram os autores, o percentil de 99% do LSN é “geralmente aplicado como limite binário para ‘descartar’ ou ‘excluir’ o infarto agudo do miocárdio”, com a suposição de que uma concentração maior do que o limite recomendado implica em IAM.

A interpretação equivocada dos resultados da troponina pode, portanto, levar a “tratamento inadequado” e terapia excessivamente agressiva.

“Passei a ficar cada vez mais frustrado com o fato de os pacientes serem encaminhados com níveis ‘elevados’ de hs-cTnI, mas nos quais senti que a suspeita clínica de infarto do miocárdio era baixa”, disse Dr. Nick.

“Portanto, eu queria descobrir qual era a distribuição real do teste hs-cTnI em uma grande população de pacientes hospitalizados, independentemente da condição subjacente, para saber qual era o percentil 99 do grupo hospitalar, em comparação com o percentil 99 do LSN fornecido pelo fabricante”, disse ele.

Acesse o artigo (em inglês) aqui.

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