Maldi-Tof

Técnica permite laudos mais rápidos, precisos e menos empíricos

Fazer exames nem sempre é algo agradável. Esperar pelo laudo muito menos. À exceção dos “check ups”, o paciente vai ao médico em busca da cura para algum mal-estar. Para amenizar essa angústia, imagine que uma das etapas até o diagnóstico levaria apenas alguns minutos! No Brasil, e no mundo, isso já é possível em casos de análise clínica microbiológica de exames de urina sob a técnica Maldi-Tof (sigla em inglês Matrix-Assisted Laser Desorption Ionization Time-of-Light). Os meros 60 segundos que separam a dúvida de um laudo só são viáveis pelo número exuberante de bactérias que há neste tipo de amostra. Para casos de análise sanguínea é necessário esperar de duas a quatro horas para que haja o crescimento logarítmico de micro-organismos. Há ainda amostras que levam até 24 horas para atingir o número de bactérias necessário para a análise. 

Em uma linguagem mais simples, Maldi-Tof é uma técnica que usa ionização para diagnosticar as proteínas de uma bactéria. O processo executado em menos de um minuto é assim: uma bactéria é colocada em uma matriz (lâmina especial com ácido forte) que sofre a incidência de um feixe de laser até haver uma ionização. Com a pulverização de acordo com a carga molecular e o tamanho das proteínas se estabelece um espectrograma de massa (gráfico que mostra todas as proteínas e suas propriedades).

O Farmacêutico Marcelo Pilonetto, que presidiu a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas/Regional do Paraná entre 2004 e 2008 e atualmente é Coordenador da Microbiologia do Laboratório DB (Diagnósticos do Brasil), vislumbra o cenário ideal com a aplicação da Maldi-Tof “o paciente vai chegar ao laboratório às 8h da manhã e alguns minutos depois já vai poder sair com o laudo em mãos com uma avaliação muito mais precisa e bem menos empírica”.

Essa precisão se dá pelo inédito banco de dados que se constrói com a técnica Maldi-Tof. “O objetivo não é saber quais proteínas, mas o conjunto característico de proteínas que há em uma determinada bactéria. Isso é o que irá possibilitar a identificação bacteriana em nível de espécie (cepa)” explica Pilonetto. Isto é, a Maldi-Tof alcança em maior riqueza de detalhes os componentes proteicos de uma célula bacteriana. Na visão do pesquisador, o Brasil ainda está em torno de dois anos atrás dos países da Europa e dos EUA no que diz respeito aos avanços científicos e de implementação mercadológica. 

“O Brasil já saiu da pesquisa e está na fase de diagnóstico para alguns laboratórios de excelência. A Europa já tem mais de cem unidades deste equipamento”, conta. Tornar este gap cada vez mais estreito é um grande desafio científico e de mercado para o Brasil.

 

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