O futuro das análises clínicas e as mudanças de paradigma

Em 30 de junho, o jornal norte-americano “The Economist” publicou uma matéria divulgando que nos Estados Unidos foi sancionada uma lei permitindo que qualquer pessoa possa solicitar um exame laboratorial, não dependendo mais de consulta médica prévia. Na lista de exames, estão incluídos pedidos para doenças sexualmente transmissíveis, pré-diabetes, níveis de vitamina e fertilidade.

A mudança na legislação foi impulsionada pela pressão da Theranos, uma companhia de análises clínicas do Vale do Silício, que fabrica kits e realiza exames rápidos, baratos e simples utilizando apenas uma gota de sangue na maioria deles ou pequenas quantidades retiradas com agulhas pediátricas.

A empresa fez uma parceria com a rede de drogarias Walgreens onde montou unidades laboratoriais e acredita dispor da tecnologia necessária para revolucionar o mercado de diagnósticos, importante ramo da medicina, apesar de pouco glamouroso.

Enquanto isso, aqui no Brasil, há uma proposta da ANVISA de modificação da RDC 302:2015 em que Testes Laboratoriais Remotos (TLR) ou Point of Care são tratados da mesma forma, quando há significativas diferenças entre eles.

Todo esse movimento no mundo, com relação às novas técnicas e tecnologias, precisa ser analisado, avaliado e repensado. Ao mesmo tempo em que os testes remotos e rápidos permitem levar exames a populações que habitualmente não teriam acesso e podem agilizar exames a fim de controlar epidemias, a realização de exames por pessoas sem habilitação para realização e interpretação dos mesmos deve ser vista com cautela.

Enquanto exige-se cada vez mais qualidade dos testes de laboratórios, busca-se registrar resultados que impactem em controle epidemiológico, procurando assegurar ao paciente a redução de riscos e a segurança própria, exames rápidos, autotestes e testes junto ao paciente (fora do ambiente laboratorial) estão sendo lançados sem regulações, diferenciações entre eles ou registros e ainda permitindo que sejam realizados e interpretados por qualquer pessoa.

É preciso, portanto, criar regras, classificações e normatizações para garantir resultados seguros. Também está claro que o modelo de laboratório como negócio, hoje, precisa ser revisto e modernizado para que possa sobreviver à pressão do mercado e das inovações tecnológicas, já que estas tendem a levar à descentralização dos serviços de saúde.

Fonte: SBAC

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